5 de outubro de 2012
Que há de acontecer com meus olhos?
Que há de acontecer com meus olhos?
Que a cada dia menos veem?
De cegueira física sei que não se trata,
É cegueira de sensibilidade.
Ó, nuvens altas, brancas e esculpidas,
Que alegram o céu, tingidas de luz!
Como sinto vossa falta!
Falta de me transportar aí pra cima,
E flutuar sem rumo...
Sabiás queridos,
Agora pouco vos encontro.
E de vossos cantos ouço apenas fragmentos.
Tereis mudado de jardim?
Ou meus olhos e ouvidos
Não mais conseguem perceber-vos?
Meus olhos estão cerrados.
Estão colados de rotina.
Transbordados de informação.
Eles sabem que algo errado os ocorre.
Mas cansados de transbordar,
Querem logo se fechar,
E um pouco descansar.
Mas olhos de mim,
Reajam! Vejam!
Vejam a grandeza da vida
Na pequenez das coisas.
Mirem as crianças, o céu,
O chão, as árvores,
As frutas da feira!
Transformem as imagens
Em cheiros, texturas, sons e sabores!
Pois que delícia é sentir!
Sentir a vida.
Sentir e deleitar-se
Com a arte de olhar.
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"Meus olhos estão cerrados.
ResponderExcluirEstão colados de rotina."... Como isso me aprisiona e pesa em meu coração...