27 de janeiro de 2010

Recordações...

Nós humanos somos mesmos incríveis. Somos os únicos seres capazes de planejar o futuro e sentir saudade do passado. Saudade de tudo, tudo mesmo: pessoas, lugares, objetos, animais e até mesmo cheiros. É um fato realmente extraordinário, pois podemos sempre que quisermos, relembrar das coisas que marcaram nossa vida, e que, direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente construíram nossa identidade.
Eu particularmente, dentre muitas coisas que sinto saudade, os cheiros da minha infância são uma das coisas que mais sinto falta. Daria tudo para sentir mais uma vez, do jeitinho que era, o cheiro do meu lápis de cor, da minha lancheira com fruta, do meu All Star novo, da massinha de modelar, do giz de cera, do E.V.A.dos meus primeiros quebra-cabeças, dos brinquedos da escolinha, principalmente daqueles de madeira que eram para construir casinhas, ou mesmo o cheiro da escolinha. Também sinto saudade do cheiro das “comidinhas” que eu preparava nas minhas panelinhas de brinquedo, do feijão que minha avó fazia a tarde (tecnicamente passar as tardes na minha casa hoje é coisa rara), cheiro do copo de chocolate quente com bolinho de chuva assistindo a sessão da tarde, da rosquinha de coco, da roupa lavada estendida no varal com perfume leve como o vento, das bolinhas de sabão que passava a tarde fazendo, da Tubaína de saquinho, da minha melissinha de plástico, da minha colônia mamãe-bebê, e do cheiro da terra molhada pelas chuvas de verão.
Queria poder descrever melhor cada um, seu sabor, sua textura, sua essência. Queria poder registrar cada um em um local mais confiável que não fosse minha mente, um registro como as fotografias. Se eu pudesse os guardaria em uma caixinha. Podia até mesmo ser na minha antiga latinha de biscoito onde eu guardava várias “tranqueirinhas” como pregadores, barbantes e desenhos, que apesar de tranqueiras eram tesouros pra mim. Mas posso dizer, que lembrar de cada um desses cheiros já basta. Basta porque já é o suficiente para eu perceber que tive várias pequenas felicidades, sem graça para muitos, mas que tornaram minha pequena vida inesquecível.

2 comentários:

  1. ... o piguim em cima da geladeira, o anão de jardim do vizinho, aquela casa com portão baixo e os moradores proseando na calçada no fim de tarde... são inúmera as lembranças que as suas lembranças compartilhadas me trazem...

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  2. Este texto foi escrito com um grande sentimento, porque me fez lembrar de muitas coisas que eu já tinha esquecido, como comer torradas a tarde depois de chegar do prézinho...andar de bicleta na praça e fora as amizades que eu deixei para trás que são pessoas muito importantes...

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