7 de outubro de 2010

Um ponto final


Estou deixando você. A primavera deste ano já chegou, e não trouxe nada além de flores. Não trouxe você. Pelo menos não para mim. E apesar de primavera, ainda vejo o céu cinza se unindo ao cinza dessa cidade. A não ser pelas flores, que com um vento frio ainda de inverno, são levadas das árvores ao chão. Despedaçadinhas, pétala por pétala, assim como meu coração. Sinto-me como esse dia cinza e frio de primavera. O meu colorido também está sendo levado. E assim como nessa cidade, ele não cairá na relva, mas sim em um concreto, sem chances de fertilizar e dar outra árvore, com outras flores e quem sabe frutos.
Estou deixando você, como as pétalas carregadas por esse vento frio. Um frio que anestesia qualquer tentativa contrárias à esta ação. Estou deixando você. Mesmo querendo continuar essa história, mesmo querendo acrescentar cenas e personagens. Mas o tempo já não me tem misericórdia, me sufoca, me angustia, e já não me permite fazer isso.
E se um dia me perguntar por que não resisti á tudo isso, direi que assim como a árvore que ainda me prendia e me alimentava nessa primavera, você também foi o vento, que transformou tudo em lembranças caídas ao chão de nosso breve verão. Viramos hipótese...

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