7 de outubro de 2010

Incertezas e certezas



Você existiu mesmo? Você ainda existe? Estou começando a desconfiar, acho que você é uma alucinação, um sonho que tive que se transformou em lembrança inventada. Mas até essa lembrança está sumindo, está virando um fantasma, cintilando e desaparecendo o tempo todo. Acho que quando desaparece é porque se perdeu nos labirintos da minha alma.
Senti mesmo o seu cheiro? A delicadeza da sua pele e de seus cabelos? Seus lábios quentes tocaram mesmo meus cabelos e minhas têmporas? E aquele olhar gentil e doce? Foi tudo isso um produto da minha imaginação?
Pois o que vejo hoje são só rastros da sua existência, rastros deixados ainda por cima em uma outra realidade, intangível e incerta, assim como tudo que capto de você. E essa coisa estranha que está dentro de mim? Não, não sei o nome. Talvez se você existisse me ajudaria a nomeá-la e também a saber que fim dar à ela. Mas você sumiu. Não está aqui. Não está em parte alguma...
Vou perguntar à brisa se passou por nós aquele dia, e as bijuterias daquela calçada se um dia nela pisamos. Também vou perguntar as pessoas na Rua São João em 1920, se ali tirou mesmo um retrato meu borrado. E para ter mais certeza, vou perguntar uns certos gatos se te viram os encontrar, e se for preciso, até mesmo a lua vou intimar para dar testemunho do beijo que selou nossa despedida.
E o que vou fazer depois? Nada. Apenas terei certeza de que dormirei com um desejo intrínseco de sonhar tudo outra vez.

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